“Se os homens se amassem com mutuo Amor, mais bem praticada seria a caridade; mas, para isso, mister fôra vos esforçásseis por largar essa couraça que vos cobre os corações, a fim de se tornarem eles mais sensíveis aos sofrimentos alheios. A rigidez mata os bons sentimentos; o Cristo jamais se escusava; não repelia aquele que o buscava, fosse quem fosse: socorria assim a mulher adúltera, como o criminoso; nunca temeu que a sua reputação sofresse por isso. Quando o tomareis por modelo de todas as vossas ações? Se na Terra a caridade reinasse, o mau não imperaria nela; fugiria envergonhado; ocultar-se-ia, visto que em toda parte se acharia deslocado. O mal então desapareceria, ficai bem certos.” Pascal (Sens, 1862.)
O Evangelho Segundo o Espiritismo – capítulo 11, ítem 12
O afeto já existe plenamente dinâmico na vida da criatura adulta, portanto, quando utilizamos o termo desenvolvimento aplicamo-lhe mais o sentido reeducativo das relações no burilamento da conduta amorosa, haja vista que, na maioria dos casos, nossa afeição é jugulada a conflitos e perturbações de variada natureza advindos da infância, das vivências pré-existênciais e de outras reencarnações. Assim, quando utilizamos “reeducação” estamos associando-lhe a imprescindível conotação de desenvolvê-la e treiná-la sob os auspícios de valores morais enobrecedores.
Nesse prisma, a vida é um convite permanente para aprimorarmos nossa capacidade de sentir através da administração da sensibilidade afetiva.
Antecedendo a espontaneidade nessa tarefa, deveremos nos habituar a olhar o mundo, a natureza, os acontecimentos, as pessoas, sob uma ótica reflexiva, pelas vias da “meditação espontânea”, buscando sempre os “porquês” de tudo, ainda que, em princípio, não tenhamos condições de compreender com profundidade em nossas análises.
Buda falava da compreensão como virtude essencial para integração do homem com as Leis do Universo.
Por que aquele velho ajunta papéis na rua em serviço sacrificial e impróprio à sua idade? Por que aquele grupo de alcoólatras reuniu-se formando um séquito de desistentes da vida? Por que aquele médico bem sucedido terá se embrenhado por auxiliar a comunidade que padece os problemas das drogas? Por que aquele político austero, desonesto e arrogante terá conseguido lograr um lugar de destaque no cenário da administração pública? Por que aquele cientista dedicado deu sua vida a descobrir como o câncer se processa? Por que um Espírito renasce para servir a sociedade na condição de pedreiro e mestre de obras? Que aprendizado estará fazendo o homem cuja profissão é ser porteiro de prédios ou segurança armado de organizações? E um policial, qual sua necessidade como ser em viagem para a perfeição? O que confina uma alma em rincões afastados na condição de silvícolas, em extremo anonimato e sob o guante de várias intempéries? Quem é aquele vizinho que teve a infelicidade de cometer uma tragédia? O que passa nas sombras de vários dramas e tragédias humanas? Por que aquela mulher estagia num prostíbulo? Quem são os “meninos de rua” e quais serão suas histórias espirituais?
Precisamos aprender a sensibilizar-nos com os dramas da vida, com fatos noticiosos, como a fome no Sudão, como a matança em Timor Leste, como o naufrágio de dezenas de marinheiros a bordo do submarino Kürsk. Fatos distantes de nós, mas igualmente importantes como a alegria dos amigos, as vitórias dos estranhos, o sucesso dos outros, a dor de um conhecido, o sofrimento dos “injustiçados”, a loucura dos perversos, a insanidade dos iludidos, a violência urbana a nosso lado, o mendigo que pede pão, o profissional da esmola, a juventude atolada no vício, alguém irado no trânsito.
Além disso, e prioritariamente, aprendermos a sensibilizar-nos com o sucesso escolar do filho, o esforço da companheira no lar, o heroismo do esposo em servir, com o sorriso da criança no brincar, a dedicação sagrada da mãe em ser útil, com a devoção paterna em proteger, com a reunião familiar para a alimentação, com a oração feita em conjunto, com a modéstia e a simplicidade adotada pelos filhos, ante o exemplo dos pais na conduta reta perante os deveres da família; enfim, essa é a grande escola do afeto em direção a Deus: o lar. Nele são trabalhadas as primeiras lições sobre as crenças e os moldes mentais morais para o homem do futuro aprender a sentir o mundo e a vida sob o prisma do Amor.
Sensibilidade deve ser distinguida de emotividade, comoções sentimentalistas, que, muita vez, são manifestações do afeto comprometido pelos traumas, culpas e frustrações. Tais lances do coração são expressões de desopressão em ciclos de mais intenso sofrimento ou emersão de conflitos emocionais não resolvidos.
A sensibilidade, entendida como recurso de elevação espiritual, sempre ilumina o raciocínio, levando o homem a lições imarcescíveis e ocultas aos olhos comuns, não habituados e inabilitados a enxergar a essência dos fatos.
Na ausência da sensibilidade jamais entenderemos os motivos subjetivos de cada ser, e nessa impossibilidade nos abstemos das preciosas lições evangélicas do perdão, da tolerância e da solidariedade, e, sobretudo, da compreensão, sem a qual não lograremos olhar a vida com as lentes da alteridade e do Amor.
O “essencial é invisível aos olhos”, afirmou o genial Exupéry (1).
Por outro lado, a insensibilidade motiva a indiferença que pode levar a atos de desamor nas impérvias atitudes da crueldade.
Jesus, na condição de eminente psicólogo, asseverou que por causa da iniqüidade o Amor de muitos esfriaria, conforme se lê em Mateus, capítulo 24, versículo doze. Essa iniqüidade também presente na seara espírita não deve nos impedir a idealização de projetos doutrinários nas agremiações, cujo perfil seja centrado em relações afetuosas e compensativas.
Nesse prisma, a vida é um convite permanente para aprimorarmos nossa capacidade de sentir através da administração da sensibilidade afetiva.
Antecedendo a espontaneidade nessa tarefa, deveremos nos habituar a olhar o mundo, a natureza, os acontecimentos, as pessoas, sob uma ótica reflexiva, pelas vias da “meditação espontânea”, buscando sempre os “porquês” de tudo, ainda que, em princípio, não tenhamos condições de compreender com profundidade em nossas análises.
Buda falava da compreensão como virtude essencial para integração do homem com as Leis do Universo.
Por que aquele velho ajunta papéis na rua em serviço sacrificial e impróprio à sua idade? Por que aquele grupo de alcoólatras reuniu-se formando um séquito de desistentes da vida? Por que aquele médico bem sucedido terá se embrenhado por auxiliar a comunidade que padece os problemas das drogas? Por que aquele político austero, desonesto e arrogante terá conseguido lograr um lugar de destaque no cenário da administração pública? Por que aquele cientista dedicado deu sua vida a descobrir como o câncer se processa? Por que um Espírito renasce para servir a sociedade na condição de pedreiro e mestre de obras? Que aprendizado estará fazendo o homem cuja profissão é ser porteiro de prédios ou segurança armado de organizações? E um policial, qual sua necessidade como ser em viagem para a perfeição? O que confina uma alma em rincões afastados na condição de silvícolas, em extremo anonimato e sob o guante de várias intempéries? Quem é aquele vizinho que teve a infelicidade de cometer uma tragédia? O que passa nas sombras de vários dramas e tragédias humanas? Por que aquela mulher estagia num prostíbulo? Quem são os “meninos de rua” e quais serão suas histórias espirituais?
Precisamos aprender a sensibilizar-nos com os dramas da vida, com fatos noticiosos, como a fome no Sudão, como a matança em Timor Leste, como o naufrágio de dezenas de marinheiros a bordo do submarino Kürsk. Fatos distantes de nós, mas igualmente importantes como a alegria dos amigos, as vitórias dos estranhos, o sucesso dos outros, a dor de um conhecido, o sofrimento dos “injustiçados”, a loucura dos perversos, a insanidade dos iludidos, a violência urbana a nosso lado, o mendigo que pede pão, o profissional da esmola, a juventude atolada no vício, alguém irado no trânsito.
Além disso, e prioritariamente, aprendermos a sensibilizar-nos com o sucesso escolar do filho, o esforço da companheira no lar, o heroismo do esposo em servir, com o sorriso da criança no brincar, a dedicação sagrada da mãe em ser útil, com a devoção paterna em proteger, com a reunião familiar para a alimentação, com a oração feita em conjunto, com a modéstia e a simplicidade adotada pelos filhos, ante o exemplo dos pais na conduta reta perante os deveres da família; enfim, essa é a grande escola do afeto em direção a Deus: o lar. Nele são trabalhadas as primeiras lições sobre as crenças e os moldes mentais morais para o homem do futuro aprender a sentir o mundo e a vida sob o prisma do Amor.
Sensibilidade deve ser distinguida de emotividade, comoções sentimentalistas, que, muita vez, são manifestações do afeto comprometido pelos traumas, culpas e frustrações. Tais lances do coração são expressões de desopressão em ciclos de mais intenso sofrimento ou emersão de conflitos emocionais não resolvidos.
A sensibilidade, entendida como recurso de elevação espiritual, sempre ilumina o raciocínio, levando o homem a lições imarcescíveis e ocultas aos olhos comuns, não habituados e inabilitados a enxergar a essência dos fatos.
Na ausência da sensibilidade jamais entenderemos os motivos subjetivos de cada ser, e nessa impossibilidade nos abstemos das preciosas lições evangélicas do perdão, da tolerância e da solidariedade, e, sobretudo, da compreensão, sem a qual não lograremos olhar a vida com as lentes da alteridade e do Amor.
O “essencial é invisível aos olhos”, afirmou o genial Exupéry (1).
Por outro lado, a insensibilidade motiva a indiferença que pode levar a atos de desamor nas impérvias atitudes da crueldade.
Jesus, na condição de eminente psicólogo, asseverou que por causa da iniqüidade o Amor de muitos esfriaria, conforme se lê em Mateus, capítulo 24, versículo doze. Essa iniqüidade também presente na seara espírita não deve nos impedir a idealização de projetos doutrinários nas agremiações, cujo perfil seja centrado em relações afetuosas e compensativas.
(1) Antoyne d’Saint Exupéry. – Autor de “O Pequeno Príncipe”.
Capítulo 8
Laços de Afetos,caminhos do amor na convivencia
Wanderley S. de Oliveira e Ermance Dufaux